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sábado, 23 de fevereiro de 2013

As prioridades e o Tempo parte I


As prioridades e o Tempo
Meu filho me disse certo dia: Pai, você já foi mais estrategista.
Tenho que concordar.
Quando era jovem e projetava meu futuro eu tinha pressa, muita pressa, afinal eu não queria viver o que vivia, então tinha pressa de mudar as coisas. Saí de meu ninho com treze para catorze anos.
Hoje, já entrando no inverno, tenho que permanecer rápido, tenho tanto a fazer e não sei quanto tempo tenho.

Busquei  muitas fontes de conhecimento e procurei sorver daquelas que me faziam bem.
Como um animal em uma selva perigosa desenvolvi  meus sentidos e instintos, regra básica de sobrevivência. Na juventude avançada já caminhando com um mais de conforto procurei atingir a universalidade do ser humano, vivi como deve viver os jovens e conhecendo o que fazíamos à época entendi que somos todos iguais, homens e mulheres, que não se cobra de ninguém aquilo que se faz e que não se condena ninguém por aquilo que também se faz. É o princípio básico da lógica da justiça. Aprendi também, mas isto desde o nascimento que somos todos iguais em sentimentos, sensações, aspirações e vontade de mudanças --- mas isto  --- mudar --- é para os fortes. Então dentro deste contexto conheci tantas pessoas que inconformadas com sua zona de conforto buscavam, de um modo ou outro uma fuga ou o desabafo de seu inconformismo, mesmo estes são fortes ainda que os meios não sejam os mais seguros. E aprendi também conhecer quem praticava suas obras por estes ou aqueles motivos e a valorizar quem buscava outra vida, os corajosos, certos ou errados. Foi uma fase.
Atenção redobrada em meio ambiente desconhecido, pouca fala, pouca explicação, sondar primeiro, afinal o inimigo pode estar dentro de um lago, escondido em um campo aberto, uma mina terrestre ou se muito visível um míssil pode te atingir. O inimigo a que me refiro não são só aqueles que são os conhecidos pela polícia, pode ser a colega de classe, de trabalho que com uma ou outra artimanha pode estragar seu planejamento de curto e longo prazo. Razão pela qual nunca me envolvi com colegas de classe, trabalho e de círculos próximos. Sob uma visão puramente de “saber aproveitar a vida” perdi muitas destas oportunidades, mas eu tinha planos outros que isto não me preencheria.  Frequentei sim, muitas casas para que meus instintos animais pudessem ser “aliviados”, mas saia destas casas mais vazio, não por ter deixado “alguma coisa lá”, mas porque não era o que eu procurava ou queria. Foram muitas e muitas vezes e nunca repetia, este era um luxo que eu me dava, sempre saia sozinho, nunca andei em turma e como um gato solitário não era uma competição com colegas, mas tão somente uma necessidade que por tanto tempo fora reprimida pela falta de recursos. Naquela época, bonito e com dinheiro eu a meu modo “aproveitei a vida”.  O trabalho em jornada dupla, a parcimônia, a ausência total de luxo, comidas em botecos e as “conquistas” gratuitas me permitiram fazer uma boa reserva.
Escapei de armadilhas e ri muito quando encontrei uma ex-namorada que insistia tanto no ato que eu acabei por desistir dela, ela queria sem proteção, mesmo sem as variantes de hoje já havia a proteção. Mas então sorri muito quando estava na antiga Estação da Luz para pegar um ônibus quando encontro ela e um ex-colega de república com um filho nos braços. Antes disto, bem antes tive uma namorada ---naquela época fazia um trabalho que tinha um roteiro definido e a cada quinze dias passava pela mesma cidade, e em cada uma delas uma namorada e uma visita às “amigas” e quando fui para Curitiba, naturalmente todas ficaram. Encontrei-me com uma delas em uma avenida e não rolou mais nada. Quando vim para São Paulo e novamente em uma viagem à Curitiba, a encontro, me convida para um baile, vou. E quando chego à casa dela, a coisa começa a ferver e ela para não acordar o avô quer no carro, minha intuição disse não. Dei prazer à ela e fiquei na minha. Três meses depois ela me liga dizendo que precisava de ajuda financeira porque fizera um aborto, e que naquele “feliz” dia, o que ela queria era me empurrar a cria que carregava. Por isto, uma dica: siga sempre sua intuição.
Se um dia quis casar e quisera seria com quem eu amasse independente de qualquer outra coisa. Sexo? Só sexo? Eu tinha minhas fornecedoras sem risco.
Ouvi “eu não te amo” dito com choro e o pior eu sabendo o porquê e não podendo falar. Já ouvi “eu te odeio” na mesma forma, e a maior “você não me merece”, o que dói demais é que eu compreendia tudo aquilo e tinha que ficar calado. Falar magoaria. Como disse a regra de sobrevivência me obrigava, não sei se de modo certo ou errado, conhecer mais as pessoas e a ouvir mais com as observações e perguntas com duplo sentido e muitas respostas. Tive problemas com isto. Mas não parei, sou assim.

... continua

ELIas, fevereiro de 2013