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sexta-feira, 15 de setembro de 2023

A VIAGEM

Tudo era uma só luz. 
Havia harmonia e paz!!! 
Não havia formas mas todos estavam em um mesmo propósito. 
Era um só corpo homogêneo. 
Os últimos detalhes estavam sendo trocados. 
...
Como um burst chegou!!!
...
Agora havia uma forma. 
Não era mais um só corpo. Era distinto. 
Ele via ao seu lado uma criança. 
Havia comunicação. 
Comece aqui, disseram para ele. 
Enquanto ele fazia o que lhe fora mandado e era parte da preparação para sua missão a criança apenas sentia. 
Depois de anos o promoveram e lhe deram algo maior: comece este. 
Anos já tinham se passado desde que ele veio. 
Já não via mais a criança, estava crescendo. 
Ficou neste trabalho por vários anos, até que: Comece este aqui. 
Neste longo período de tempo com o trabalho pesado notou que a criança agora se tornara um adulto. Olhou para seu suas mãos e notou que carregava já as marcas de anos. Ainda não estava pronto. 
Anos se passaram até que lhe disseram: agora vá, mas continue trabalhando. 
Entrou no carro e partiu. 
Era noite. Estrada encaixada. Estreita. 
Via ao longe luzes que indicavam ser uma cidade. 
As laterais do carro as vezes parecia roçar os barrancos. 
Algumas vezes os fracos faróis pareciam se apagar fazendo o caminho ainda mais escuro. 
Ao lado margeava um rio que por vezes era visto. Que vontade de chorar. Lágrimas vertiam. 
As vezes raios iluminavam a cabine, estava só. 
Por vezes encontrava algum lugar para que os carros que vinham de frente pudessem passar. Quando não encontrava lugar para ceder passagem subia nos barrancos. 
Nunca foi ultrapassado, parecia que só ele seguia para aquelas luzes. Não tinha retrovisor, só via a frente. 
Por um tempo uma luz permaneceu iluminando a cabine.
...
Escuridão total no interior. 
Os raios rápidos não mais voltaram e assim foi por um bom tempo. 
Um outro raio apareceu e ficou por muito tempo na cabine mas não iluminava, era apenas uma forma de luz escura, um morfeu. 
Ele via o adulto. Lágrimas escorriam pela face. Precisava de luz. 
Encontrou pendurado a beira de estrada um lampião, limpou e o acendeu. Iluminou o espaço até que o pavio se molhou e apagou. 
Lágrimas escorrem pela face. Adormeceu e foi acordado por uma carícia. 
A única coisa que o fez atravessar o rio eram as luzes que via ao longe. 
Atravessou sem medo, já o conhecia. 
Não havia o menor sinal dos raios. Apareciam ao longe. 
Outros veículos vinham sempre em sentido contrário sempre passando por ele na estrada que continuava estreita. Lágrimas. 
As luzes indicavam a cidade mas ela estava longe muito longe. Ele sabia que lá estaria até voltar ao ponto onde tudo é LUZ.  
A escuridão o fustigava. 
Ele mantinha as mãos firmes no volante e quando entrava pelo deserto mirava a cidade. 
Troncos lançados eram retirados e dificultavam o avanço, mas ele ia, sabia fazer parte da preparação, afinal de onde partira lhe foi dada esta missão: Reintegrar-se. 
As vezes tinha lembranças dos momentos antes da chegada.
A cidade continuava longe..

Gaurulhos set/2023