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sábado, 12 de maio de 2012

O Ocaso e a Alvorada


Amigos republico aqui um texto que foi publicado em meu antigo blog. Acho-o atual. Vale a pena ler novamente.

O Ocaso e a Alvorada.
O lusco fusco, o sol no ocaso, momento em que os pássaros se recolhem e já não cantam mais. Momento em que sua sombra estica-se e toma formas dantescas. As cores começam a desaparecer e tudo passa ao cinza, as formas vão tornando-se cada vez mais indefinidas, amorfas, assombrosas...
As horas avançam, tudo se torna negro. O céu  nublado. Escuridão total.
O frio vai aumentando e o corpo começa a perder calor para o vazio, para o nada.
O vento te açoita.
Entra em ação o sistema de defesa, cortisol aumentado, sistema imune baixa seus níveis, os sentidos se aguçam, é preciso sobreviver até a alvorada.
É o momento em que os animais perigosos estarão a espreita.
Tateia-se buscando apoio, mas no nada ver, apenas os sentidos intuitivos podem servir de guia.
Recolher-se é fácil. Mas a grande noite tem que ser rompida.
Desfiladeiros, penhascos, pedras no caminho, areia movediça, lamaçal. Tudo tem que ser transposto.
Deve haver uma escolha.
Nesta hora de escuridão total que a bagagem pode ser útil. Que bagagem? A da vida. É o que é. Ser o que quiser ser. Hora de decidir.
Lembrar-se de que a aurora virá é reconfortante. Mas ainda está distante. É preciso caminhar.
A vivência contínua com obstáculos e a sabedoria para distingui-los subjetivamente é a única bússola quando não há norte. Sem apoio.
Os pássaros a cantar partindo de seus galhos, como em homenagem de final da corrida. Isto ocorrerá, no anúncio da aurora.
Desviar-se das pedras e espinhos é uma arte. Evitar os animais que estão famintos também o é. É preciso achar a trilha, porque tudo é espantoso, temeroso. As cobras não estão nas trilhas, estão às margens.
Mas andante, tens que romper. Não há paradas de descanso. Pode haver abrigos, mas nunca desvios. E os abrigos farão o tempo parar, é preciso atravessar. Não há fuga.
Quando os pássaros anunciarem a aurora, o sol do oriente em breve surgirá e seus raios lentamente despontando no horizonte aquecerão o corpo frio e cansado. As formas serão definidas as cores voltarão.
As nuvens negras se foram levadas pelos ventos de altitude.
Um esplendoroso dia surgiu. E este dia será eterno porque a grande noite escura da alma foi vencida.
Este é um teste de Deus. Recebe a recompensa quem vence, permanece nas trevas quem se esconde, se abriga em falsos abrigos que na verdade são traiçoeiras cavernas repletas de animais peçonhentos e que buscam apenas envenenar. Mas nada é sentido.
Avance para a alvorada.
Avance agora!!!

Laus Deo sursum corda et amen!

ELIas, 12 de maio de 2012

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