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quinta-feira, 18 de abril de 2013

A árvore as flores e a coragem


Estes dias um amigo me perguntou por que é que eu não escrevo mais sobre o amor como eu escrevia no meu antigo blog e que hoje escrevo basicamente de coisas soturnas.
Respondi que como já escrevi muito sobre isto, acho que é hora de deixar o tempo agir. 
Por que quando falo de mim, ou mesmo utilizando a terceira pessoa, principalmente nesta nova maneira de escrever, estou querendo mostrar aos outros um pouco mais profundamente, a minha alma, o que sou ou o que sinto. 
No entanto isto não significa a ausência da capacidade de escrever sobre o amor ou de amar. 
Significa apenas, no meu caso, que estou como um sino sem o badalo, que por mais que movimente não é capaz de emitir qualquer som. 
É um estado de espera, de esperança desesperançada de que o badalo seja instalado ainda a tempo, aí sim, todo o som retido por tanto tempo possa ecoar pelos vales e montes.
Falo de minhas angústias como falaram os poetas e como cantam as melodias d´alma.
Vejo duas árvores que desejosas de unirem suas raízes, encontram entre elas uma pedra. E então vivem as duas seus outonos perdendo as folhas juntas e esperam eternamente pela primavera. 
Mas e a pedra?
O fundamental é o amor, e a pedra esfarelar-se-á quando por fim a decisão for tomada. Não é fácil, sei bem disto, mas é necessário, ou então chegará o inverno e já não haverá mais duas árvores, apenas a sensação de que todos os dias foram vazios e perdidos.
Quando uma pedra é removida, casas podem cair, mas as raízes entrelaçadas as sustentarão. E esta pedra depende apenas de poucas palavras para que se desintegre.

Agora uma estória ou história que se passou lá pelas bandas das Alterosas:
Um mestre e seu discípulo caminhavam por uma estrada estreita, o discípulo sugere:
--- Mestre,  poderemos descansar um pouco sob a sombra daquela Sucupira Branca? 
Chegam até a árvore frondosa e sentam-se. 
O discípulo pergunta: 
--- Mestre, tantas flores no chão e porque é que elas caem? O chão fica todo enfeitado, mas na árvore são mais bonitas.  
O mestre olhando serenamente responde: 
--- Pequeno Gafanhoto, na árvore são mais bonitas para quem vê, mas não para a árvore, as flores caem por que a árvore não mais as sustém, as flores enfeitam o chão mas de nada valem, murcham e desaparecem,  é o ciclo natural das coisas. De algumas destas flores nascerão sementes que levadas pelo vento, cairão em terreno fértil e nova árvore nascerá e florescerá novamente, mas para isto é preciso que caiam as flores. Árvores não crescem sobre pedras, crescem entre as pedras e para isto é preciso ter vontade.

ELIas, 18 de abril de 2013

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