Estes dias um amigo me perguntou por que é que eu não
escrevo mais sobre o amor como eu escrevia no meu antigo blog e que hoje
escrevo basicamente de coisas soturnas.
Respondi que como já escrevi muito sobre isto, acho que é
hora de deixar o tempo agir.
Por que quando falo de mim, ou mesmo utilizando a
terceira pessoa, principalmente nesta nova maneira de escrever, estou querendo
mostrar aos outros um pouco mais profundamente, a minha alma, o que sou ou o que sinto.
No
entanto isto não significa a ausência da capacidade de escrever sobre o amor ou
de amar.
Significa apenas, no meu caso, que estou como um sino sem o badalo,
que por mais que movimente não é capaz de emitir qualquer som.
É um estado de
espera, de esperança desesperançada de que o badalo seja instalado ainda a
tempo, aí sim, todo o som retido por tanto tempo possa ecoar pelos vales e
montes.
Falo de minhas angústias como falaram os poetas e como
cantam as melodias d´alma.
Vejo duas árvores que desejosas de unirem suas raízes,
encontram entre elas uma pedra. E então vivem as duas seus outonos perdendo as
folhas juntas e esperam eternamente pela primavera.
Mas e a pedra?
O fundamental é o amor, e a pedra esfarelar-se-á quando por
fim a decisão for tomada. Não é fácil, sei bem disto, mas é necessário, ou
então chegará o inverno e já não haverá mais duas árvores, apenas a sensação de
que todos os dias foram vazios e perdidos.
Quando uma pedra é removida, casas podem cair, mas as raízes
entrelaçadas as sustentarão. E esta pedra depende apenas de poucas palavras para que se desintegre.
Agora uma estória ou história que se passou lá pelas bandas das
Alterosas:
Um mestre e seu discípulo caminhavam por uma estrada
estreita, o discípulo sugere:
--- Mestre, poderemos descansar um pouco sob a sombra
daquela Sucupira Branca?
Chegam até a árvore frondosa e sentam-se.
O discípulo
pergunta:
--- Mestre, tantas flores no
chão e porque é que elas caem? O chão fica todo enfeitado, mas na árvore são
mais bonitas.
O mestre olhando
serenamente responde:
--- Pequeno Gafanhoto, na árvore são mais bonitas para quem vê, mas não para a árvore, as flores caem por que a árvore
não mais as sustém, as flores enfeitam o chão mas de nada valem, murcham e
desaparecem, é o ciclo natural das
coisas. De algumas destas flores nascerão sementes que levadas pelo vento,
cairão em terreno fértil e nova árvore nascerá e florescerá novamente, mas para isto é preciso que
caiam as flores. Árvores não crescem sobre pedras, crescem entre as pedras e
para isto é preciso ter vontade.
ELIas, 18 de abril de 2013
ELIas, 18 de abril de 2013
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